O texto “Reflexões sobre o Homossexualismo” do Rev. Jorge Aquino, escrito em 2003, é uma reflexão pessoal e honesta sobre suas crenças e dúvidas em relação ao tema. Aquino não busca responder ou propor algo específico, mas sim “pensar em voz alta” sobre o que acredita e desconfia ser verdade. Ele reconhece que suas desconfianças estão se tornando convicções e destaca a importância de permanecer aberto aos debates acadêmicos, mesmo que isso signifique enfrentar críticas. Aquino enfatiza que a busca pela verdade deve prevalecer sobre a popularidade, ressaltando a autenticidade como um valor fundamental na teologia.
Na palestra “Santidade e Sexualidade”, o Arcebispo Njongonkulu Ndungane aborda a percepção comum de que santidade e sexualidade são mutuamente exclusivas, uma visão influenciada pela tradição filosófica grega. Ele critica a histórica associação da santidade com a fuga ou subjugação do corpo, destacando a contradição com a doutrina cristã da encarnação, que proclama Deus como carne humana. Ndungane argumenta que Deus se revela tanto no ser humano Jesus quanto em toda a criação, incluindo nossos corpos e o mundo material, desafiando a igreja a reconsiderar suas visões sobre a relação entre santidade e sexualidade.
Na conferência “Full Inclusioni” de 2007, Dom Celso Franco de Oliveira discute a interpretação das Escrituras, destacando que elas não são um depósito fechado, mas uma coleção de subjetividades e experiências humanas. Ele argumenta que a Bíblia deve ser lida considerando cosmogonias, antropologia, sagas, poemas e mitos, refletindo desejos e culpas. Oliveira enfatiza que homens e mulheres são seres concretos nas Escrituras, e que o povo bíblico atribuía bênçãos e maldições a Deus de maneira semelhante às relações entre pais e filhos.
O texto de Humberto Maiztegui Gonçalves discute a abordagem tradicional da sexualidade na Bíblia, que é frequentemente legalista e moralista, focando no que é considerado “pecado”. Ele argumenta que essa visão não leva em conta as diferenças históricas e culturais entre os tempos bíblicos e a atualidade. A leitura científica revela que não há um modelo único de sexualidade na Bíblia, mas sim uma tentativa constante de regulamentá-la. As normas bíblicas sobre sexualidade não poderiam prever mudanças modernas, como a emancipação feminina, o uso de métodos anticoncepcionais, e a predominância de relações sexuais não voltadas à procriação. Além disso, as relações homossexuais, embora presentes na época bíblica, não consideravam a possibilidade de formação de famílias.
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O texto dos Bispos Jack Spong e Peter J. Lee, escrito a pedido do Arcebispo de Cantuária, George Carey, aborda o crescente debate sobre a homossexualidade na Igreja Cristã, um tema que há cem anos não era discutido. Atualmente, essa discussão ocorre em toda a cristandade, gerando divisões e até ameaças de excomunhão. Os autores destacam que, por trás dos argumentos bíblicos, morais e teológicos, há uma divergência fundamental na definição da homossexualidade. Se vista como uma atividade maléfica e pecaminosa, a Igreja não pode acomodar esse estilo de vida sem violar seus princípios sagrados.