No texto “Cristo, Ressurreição, Graça: O Evangelho de Paulo”, John Shelby Spong discute a necessidade de reinterpretar as ideias de Paulo de Tarso, afastando-se de uma leitura literal da Bíblia. Spong argumenta que a religião organizada, especialmente no Ocidente, está em declínio e que um renascimento espiritual só será possível ao abandonar estruturas antigas e explorar novas formas de entender a verdade religiosa. Ele enfatiza a importância de questionar e buscar novas possibilidades, compreendendo a experiência humana e a racionalidade por trás das explicações teológicas para encontrar um significado transcendente.
Na Conferência de Lambeth de 1998, ficou claro que havia uma grande diversidade de opiniões entre os Bispos sobre a interpretação das Sagradas Escrituras. Enquanto alguns defendiam uma interpretação rígida, outros acreditavam que era possível respeitar a autoridade das Escrituras ao mesmo tempo em que se abria espaço para diferentes interpretações e aplicações. Este documento, preparado por uma comissão, busca resumir e esclarecer como muitos na Tradição Anglicana entendem e aplicam as Escrituras, destacando a importância de um compromisso profundo com toda a Escritura e um verdadeiro respeito por sua autoridade. O objetivo é promover futuras conversações, entendimentos e reconciliação dentro da Comunhão Anglicana.
O trabalho do Rev. Josué Flores traça um paralelo entre o texto de D. Sebastião, “Reinventar a vida: Missão de Deus”, e o uso da Bíblia na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB). Ele destaca a importância de uma análise empírica do uso da Bíblia na prática anglicana, respeitando os limites teológicos da Tradição e dialogando com o contexto vivencial. O método de “Leitura popular da Bíblia” de D. Sebastião, que utiliza a categoria epistemológica do pobre, é central para essa análise, promovendo uma leitura comunitária e contextual. O autor harmoniza esse método com a metodologia anglicana de Tradição, Escritura e Razão, utilizando a teoria dos triângulos hermenêuticos para conectar a leitura bíblica com a experiência e o diálogo com a sociedade.
O Rev. Josué Flores aborda o desafio de avaliar e propor soluções para o uso da Bíblia na Comunhão Anglicana, destacando a necessidade de uma análise crítica e construtiva que respeite a rica tradição anglicana. Ele enfatiza a importância de considerar diversos sub-temas e questões transversais, reconhecendo que a interpretação e prática bíblica são centrais para compreender o espírito cristão contemporâneo, suas aspirações, interpretações históricas e desenvolvimento ético diário.
Richard Rorty, em “Duas Utopias”, compara as previsões falhas do Novo Testamento e do “Manifesto Comunista”, destacando que ambas foram concebidas como previsões do futuro baseadas em um conhecimento supremo das forças históricas. No entanto, até agora, essas previsões não se concretizaram, tornando-se objeto de ridículo. Rorty argumenta que, embora ninguém possa provar que o retorno de Cristo ou a revolução proletária não ocorrerão, a espera prolongada e a falta de evidências empíricas tornam essas profecias cada vez mais questionáveis. Ele sugere que, apesar das crises superadas pelo capitalismo e das transformações prometidas pelo cristianismo, as mudanças esperadas não se manifestaram como previsto.