Dom Gregório Dix, um monge anglicano da Ordem de São Bento, destacou a simplicidade e centralidade da Eucaristia no cristianismo: tomar, abençoar, partir e dar o pão e o cálice de vinho e água, seguindo o mandamento de Jesus. Este rito tem sido fielmente observado ao longo dos séculos, abrangendo todas as culturas e situações da vida humana, desde a infância até a velhice, em todas as paróquias cristãs. A Eucaristia permanece como um dos mandamentos mais obedecidos, contribuindo para a edificação da comunidade cristã.
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Rev. Sílvio Freitas explica que, inicialmente, a Páscoa era comemorada semanalmente no domingo, o "dia do Senhor". Embora os primeiros cristãos ainda guardassem o sábado, o domingo tornou-se predominante já em 115 d.C. Influenciada pelo calendário judaico, a Páscoa também foi celebrada anualmente na primeira lua cheia de abibe (nisã). Essa prática resultou na controvérsia "quartodecimana" sobre quando celebrar a Páscoa. No início do século IV, a Igreja reconheceu o domingo como o dia da Páscoa. O "dia do sol" é um termo que surgiu para tornar a fé compreensível, influenciado pela filosofia na teologia patrística.
Rev. Saulo Maurício de Barros explica que a palavra "liturgia" vem do grego "leiturguia", significando "ação para o povo". Originalmente usada para designar ações públicas gratuitas na Antiga Atenas, o termo foi adotado pelos rabinos helenistas para o culto oficial no templo de Jerusalém. Os primeiros cristãos entenderam a obra da salvação como uma liturgia, e a reunião da comunidade de fé para louvor passou a ser chamada de liturgia, especialmente a Eucaristia. Exemplos bíblicos incluem o serviço de Zacarias e a autodescrição de São Paulo como "liturgista de Jesus Cristo aos gentios".
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Dom Sumio Takatsu faz um levantamento dos Livros de Oração Comum das Igrejas Anglicanas ao redor do mundo, incluindo Brasil, Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda, Escócia, Nova Zelândia e África do Sul, além de um estudo de Colin Buchanan. O foco é na liturgia oficial dessas igrejas e não nas experimentais. As revisões litúrgicas do século XX foram inspiradas por experimentos ecumênicos e missionários na Índia e África, além de influências de obras como "The Shape of Liturgy" de Gregore Dix (1945) e a Conferência de Lambeth de 1958.
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Frei Sinivaldo Silva Tavares, em sua conferência no Encontro da ASLI em 2005, resgata a intuição eclesial expressa no princípio "legem credendi statuat lex supplicandi" (a lei da oração estabelece a lei da fé). Ele destaca a relação intrínseca entre Liturgia e Teologia, onde a Liturgia é fonte da Teologia e a Teologia verifica a Liturgia. A Liturgia lança interpelações à Teologia em torno de três elementos: eclesialidade, evento pascal de Cristo e criação/história/ser humano. A conclusão sugere que ambas, Liturgia e Teologia, devem se tornar mais simbólicas e próximas da poesia.