Confira mais um texto do Projeto: Narrativas, referentes a catástrofe climática no RS.

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Projeto Narrativas: Quando a ordem é esperançar

Gabriele Greggersen

Aninha era uma meninina de dez anos de idade, que vivia com os seus pais num bairro pobre da cidade de Canoas no Rio Grande do Sul. Ela era bastante calma e introvertida e como irmã mais velha de outras duas crianças, Juan, de apenas um aninho de idade e Carlinha, de três, ela desenvolveu desde cedo um senso de responsabilidade quase adulto, pois ela cuidava dos irmãos enquanto a mãe solteira ia trabalhar como doméstica para uma família abastada da cidade.

Um ano atrás, em novembro de 2023, um ciclone extratropical havia causado uma enchente em seu bairro com o transbordamento do rio dos Sinos e a família havia perdido tudo. Na época, eles tinham ficado numa escola das proximidades que tinha sido transformada em abrigo para os desabrigados.

Foi uma experiência traumática para Aninha e seus irmãos, pois eles passaram fome e frio. 

Quando as águas baixaram, eles voltaram para casa e Renata, a mãe, conseguiu algumas doações para recomeçar a vida, mas tudo foi muito sofrido e demorou para que a família pudesse voltar à vida com alguma normalidade.

Aninha ficou muito preocupada, pois na escola ouviu falar que as catástrofes climáticas aconteciam por causa da interferência do homem na natureza e que as coisas tendiam a piorar cada vez mais, com o aquecimento global e a ocorrência cada vez mais frequente desses cataclismas.

E isso era confirmado pelas notícias que via todos os dias na televisão: enquanto uma parte do país sofria com as enchentes, outra parte estava à mercê das secas e consequentes queimadas causadas pela falta de chuva e umidade. Outras regiões da terra também sofriam: eram furacões, terremotos, deslizamentos de terra e vulcões em erupção.

Que futuro a esperava e o que poderiam esperar os seus irmãos? Como lidar com a ansiedade que tomava conta de sua existência tão jovem? Ela vivia em depressão e crise de identidade. Por isso, a mãe a arrastava para uma das mega igrejas do bairro, na esperança de que encontrassem ali algum conforto.

Mas Aninha, muito crítica para a sua idade, se perguntava que adiantava eles irem para a igreja, se a existência ou não de Deus não parecia fazer diferença.

Foi então que maio de 2024 chegou e mais uma inundação histórica quase levou a vida de Aninha, sua mãe e irmãos. Dessa vez até o barraco em que moravam se foi com a correnteza das águas.

Esse foi o pingo d’água! Por que eles tinham que passar por tudo aquilo de novo? Onde estava Deus para salvá-los dessa situação? Se Deus era bom, por que ele permitia tanto sofrimento? Ou será que ele era impotente contra os desastres que estavam acontecendo? 

Naquela noite, quando ainda estavam no abrigo, Aninha resolveu que não existe Deus e que jamais frequentaria uma igreja de novo, pois acreditava que nada do que ouvia lá era real e era só uma armação para arrancar deles o pouco dinheiro que ainda lhes restava.

O que Aninha e sua família não sabiam e a igreja que frequentavam perdeu a oportunidade de lhes ensinar é que toda a natureza está sofrendo e tal sofrimento vem de uma espera, que é a base da esperança.

Como está escrito:

Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada. A natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados. Pois ela foi submetida à futilidade, não pela sua própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra para a gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto. E não só isso, mas nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo. (Romanos 8. 18-23)

Ou seja, as catástrofes naturais que trazem tanto sofrimento são um sinal, um sinal que indica algo bem positivo e esperançoso: de que está para nascer algo novo, algo redimido e sem sofrimentos. Uma glória futura que ninguém pode nos tirar, nem chuva, nem seca, nem tempestade alguma. E isso nos enche de esperança apesar de todas as previsões obscuras e pessimistas.

Quantas enchentes vão ter que acontecer e quantas aninhas vão abraçar o ateísmo e uma perspectiva pessimista do mundo vindouro antes que as pessoas se mobilizem, principalmente nas igrejas, e que alguém lhes conte as boas novas?

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